Câncer de colo de útero: exames preventivos promovem a cura de quase 50% dos casos
O papiloma vírus humano, popularmente conhecido como HPV, é o principal vilão do câncer do útero nas mulheres. Considerada uma doença grave, ela tem acometido, desde 2020, cerca de 16.590 mil vítimas, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e, até o final deste ano, estima-se que a enfermidade atinja o mesmo número de pacientes. Os médicos alertam para a necessidade de se estar atenta aos fatores de risco e sintomas, uma vez que, tratando-o precocemente, o câncer do útero tem grandes chances de cura.
De acordo com a médica Helga Bomfim, da clínica Imagem Plena, o câncer do útero é uma enfermidade que possui evolução lenta e acomete, sobretudo, mulheres com mais de 25 anos. O seu principal agente causador é um vírus bastante conhecido do público em geral e que, para surpresa de muita gente, também tem o poder de infectar os homens. No sexo masculino, o HPV pode provocar o surgimento do câncer de pênis.
“Os dois tipos mais frequentes de tumor maligno de colo de útero estão associados à infecção pelo HPV. Os carcinomas epidermoides são responsáveis por 80% dos casos, sendo seguidos pelos adenocarcinomas, que ficam com a fatia de cerca de 20%”, informou a especialista em endometriose e em imagem pélvica e abdominal.
Vírus x tumores
Segundo Helga Bomfim, mesmo existindo mais de uma centena de tipos diferentes do papiloma vírus, somente alguns estão associados ao desenvolvimento do tumor. Por isso, os tipos 16, 18, 45 e 56 são aqueles considerados de mais alto risco. E justamente para detectá-lo em sua fase inicial, a prevenção é a mais eficaz medida para combatê-lo.
Fatores de risco
A infecção pelo HPV, que gera o aparecimento das verrugas genitais, é o maior fator de risco para o surgimento do câncer de colo de útero. Porém, existem alguns outros que exigem igualmente atenção: início precoce da atividade sexual; múltiplos parceiros sexuais ou parceiros com vida sexual promíscua; cigarro; baixa imunidade; não fazer o exame preventivo (papanicolau) com regularidade; más condições de higiene; e histórico familiar.
Diagnóstico
O exame de papanicolau é a forma mais correta para detecção de tumores iniciais. No entanto, se a doença já estiver com lesões mais avançadas, faz-se necessária a realização de ultrassonografia endovaginal e de ressonância magnética da pelve, além da tomografia computadorizada para o estadiamento da doença (pesquisa de metástases). “Vale salientar que a ressonância magnética da pelve é o exame que possui maior eficácia para fazer o processo de diagnóstico da doença, sendo, ele, essencial para avaliação do tratamento a ser empregado, assim como para determinar a extensão do câncer e se há o envolvimento dos outros órgãos pélvicos”, frisou Helga Bomfim.
“Como nas fases iniciais o câncer de colo de útero é assintomático, a mulher tem que estar atenta para o caso do surgimento de outros sintomas, a exemplo de sangramento vaginal, especialmente depois das relações sexuais, no intervalo entre as menstruações ou após a menopausa, e corrimento vaginal de cor escura e com mau cheiro”, alertou a médica.
Embora sua incidência esteja diminuindo, o câncer de colo do útero ainda é o quarto câncer que mais acomete mulheres (desconsiderando o câncer de pele não melanoma) e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.
Felizmente, cerca de 44% dos casos diagnosticados no Brasil são relativos a lesões que ainda estão restritas ao colo e não desenvolveram características completas de malignidade. Nessa fase, a doença pode ser curada na quase totalidade dos casos.
Tratamento
A infecção causada pelo HPV pode ser curada de forma espontânea pelo organismo. Porém, quando os tumores já estão desenvolvidos, mostrando a sua malignidade, o procedimento deve levar em conta o estágio da doença, assim como as condições físicas da paciente, como idade e o desejo de ter, ou não, filhos no futuro.
A cirurgia só deve ser indicada quando o tumor está restrito ao colo do útero. De acordo com a extensão e profundidade das lesões, ela pode ser mais conservadora ou promover a retirada total do órgão.